Caminhadas

Em passada sincopada e rápida, segui na tentativa vã de fugir a um dia demasiado longo, a uma noite demaiado disperta, a uma cabeça demasiado cheia. Debaixo deste horizonte policromatico que te engole, mas não te absorve, que tranquiliza, mas não acarinha, segui objectivamente sem rumo, sem foco, quiça até ao encontro de uma primeira gota de suor, que tenha perdido o medo à temperatura gelida que dominava junto ao rio.
Pé ante pé, só com a música pendurada nuns auriculares de qualidade duvidosa, segui e segui e segui, no empedrado, na madeira ripada, no alcatrão, no cascalho, sempre sem abrandar, sem mudar a métrica da passada ou parar para recuperar o folego. Os minutos voaram, até que o policromatico deu lugar ao monocromático e o frio, já audivel, fez desejar uma lareira, um cobertor quente e uma chávena de chá fumegante. Era hora de voltar.

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