O desafio e a magia das cores...

A manha já ia bem alta. No céu o sol gritava presente, a plenos pulmões. No meu pequeno reduto, ainda tomado pelo cansaço semanal, continuei a molengar mais um pouco. A porta estremecia, com o bater dos raios solares a chamarem por mim. Levantei-me lentamente e dirigi-me até eles, ainda meio estremunhado.
Ao estender os dois dedos necessários para abrir a barreira, que me separava dos indomáveis raios de luz, o quente da pequena maçaneta fez-me hesitar por um segundo… a luz do monitor, ligado da noite anterior, ainda me feria a vista, o que não me iria fazer, esta luz incomensurável que se preparava para invadir o meu pequeno espaço.
Enquanto pensava sobre isso, de uma forma muito, muito lenta, fui perdendo a pouca concentração ao fixar o olhar numa janela de Word, vazia, e com o cursor a piscar. Logo aqui eu devia ter percebido, o cheiro a desafio que já estava no ar. Sentei-me, e fui recuperando a consciência, abrindo uns mails, olhando para a população amiga que estava online, enfim, navegando um pouco, pelos vários cantos do mundo Internet. Foi nessa altura que um olá, iniciou o processo que agora descrevo. Um simples e singelo “olá”, seguido de um não menos apropriado “bom dia”, levaram-me a uma conversa, que me fez esquecer por instantes que o sol lá fora brilhava, e gritava intensamente por mim. O teor da mesma não me recordo exactamente, acho que foi de lés a lés, varrendo rapidamente vários mundos e campos, mas sei que por ali fiquei, cada vez mais acordado e compenetradamente interessado naquele arranque de Domingo.
Os minutos voaram, o sol já sem voz de chamar por mim, estava agora a atingir o seu pico de calor, e eu, decidi finalmente abrir as janelas e tentar um contacto mais próximo com ele. Fechei a janela de conversação online, e passei a um monólogo com uma luz que insistia em me provocar calor. Olhei novamente para a janela do Word com o seu incansável cursor a piscar, e pensei para comigo, agora percebo o porque de estares aqui, tenho de escrever qualquer coisa, até porque um desafio…nunca se deve recusar, principalmente aqueles que nos são endereçados por pessoa particularmente interessantes. A questão agora era outra, o que escrever, como o fazer, sobre o que escrever. O almoço por fazer, arroz a valenciana, podia ser um bom mote de iniciação, fui andando até a cozinha, comecei a encher a minha bancada dos vários produtos que compõem o manjar deste domingo…As cores, as cores, as imensas cores que encheram a bancada, inspiraram-me, e levaram-me de volta até ao meu teclado, onde ideias voaram, escorreram em violentas quedas de agua, com os dedos, a não conseguirem acompanhar o ritmo da mente, que divagava, que explorava, que chegava aos vários mundos num infinitésimo de segundo, que me excitava, enquanto me punha a correr contra o tempo…aquela avalanche de ideias tinha de ser controlada, domada, registada…Algumas ideias ficaram, outras perderam-se, num mar de criatividade disperso e imenso, mas acho que por hoje, foi o suficiente para sonhar mais um pouco, e partilhar contigo, em jeito de resposta ao teu desafio, este meu arranque atribulado de dia…

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