Footsteps with water...


Lá fora a água da chuva cai forte, como que a querer limpar as tuas marcas, as tuas pegadas, a tua presença.
A água da chuva, cai forte lá fora, como que a querer dar-me um rumo, dar-me uma mão, abrir-me um novo caminho, mais limpo, menos contorcido, mais sorridente, menos esquizofrénico.

Relembro momentos, sensações, desejos, frustrações. Abro baús empoeirados, retiro memórias há muito esquecidas, factos, argumentos, lágrimas, sacrifícios.

A chuva lá fora bate forte sem parar, recolho-me numa enorme chávena de chá, digna de um qualquer Inverno rigoroso e afogo-me em bolachas caseiras feitas à dias.

No vale de tranquilidade, ladeado por montanhas de almofadas, penso também em ti, e recrio um dos teus sorrisos doces, uma das tuas gargalhadas tranquilas, um dos teus pensamentos coloridos. A chuva pára, a tranquilidade aumenta, o vazio também.

Ao longe as pegadas que projecto, o seu leve traço que se perde a passos largos, a sua definição que vai fazendo menos sentido com o andar ritmado do relógio. Olho o céu, um pouco mais limpo e pintalgado por estrelas. Do outro lado, nem um sinal, nem um som, nem uma luz…era o inicio de um momento de contrição e agonia. No entanto, esbugalhei os olhos e rasguei um sorriso, de quem abre um presente desejado, e percebi…não veio a luz, nem podia vir, porque a luz és tu, e tu…estás cada vez mais longe…cada vez mais longe…cada vez mais……………longe.

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