Ana...


…o dia acordou chuvoso, previsível pela noite que lhe antecedera. Lá fora, as doces pingas que me acompanharam na incoerente mas necessária divagação nocturna, tinham agora o descanso merecido. Finalmente o repouso das guerreiras tocadoras de melodias zen em parapeitos de janelas, era possível…a sua missão chegara ao fim...pelo menos por hoje.

A noite, esse grande elemento de poetas e escritores, cronistas e divagadores, não será de todo a melhor conselheira, pese embora a sua tranquilidade e silencio intrínseco. Mas a noite, autoriza-nos a deixar lá retidos, todos os pensamentos que no dia, não se soltam, não aparecem, não dão a cara. A noite é como um festim frenético de pensamentos, mais ou menos coloridos, que estavam enclausurados, agarrados ao interior do meu ser, retidos por cânones e convenções de uma sociedade cheia de regras.
Na noite, debatem-se ideias, discutem-se emoções, questionam-se atitudes nas mais variadas situações, mas nunca, mesmo nunca, se encontram soluções.

Com o almejar do dia, sem sol, desta manhã de Outono, quis por tudo ver uma solução, vislumbrar um brilho que me fizesse ir na tua direcção.
Olhei, olhei, e voltei a olhar, abri portas, escancarei janelas e brilho nenhum consegui desvendar, nem mesmo o brilho solar.
O brilho que procuro não apareceu, nem o podia fazer, o brilho que procuro és tu, na tua verdadeira essência, na tua sincera simpatia, no teu olhar por vezes perdido, na tua vontade por vezes difusa, na tua voz doce, no teu estar irrequieto, no teu querer e acreditar inabaláveis.

É esse brilho que desejo, é atrás dele que irei, nem que para isso tenha de voltar a trás uma infinidade de passos.

O arregaçar das mangas tem de ser evidente, até porque, há trabalhinho pela frente. Não há compromissos, não há grandes certezas, há apenas um acreditar profundo, num cenário hipotético.

Uma coisa eu sei, e faço questão de o escrever, se o comboio parar novamente, vou ter mesmo de descer…

Na minha imensa confusão, com muitos poucos critérios de selecção, salva-se um pensamento solto mas não vão…eu adoro-te…

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