Old song’s, old feeling’s, old new me…


Atravessei a ponte, com o olhar perdido nas numerosas luzes, que piscaram à minha passagem. A noite caíra à várias horas e o frio gelava o para brisas do carro, enfrentando-o sem receios do seu rápido avanço.
Ar condicionado ligado, botão completamente colado na zona vermelha, e o ar quente e forçado arrancava-me da alma os cristais de frio, acumulados ao longo de enormes minutos passados à conversa no exterior. Conversas invulgares, personagens menos lineares, discursos menos sistematizados, acertividade menos evidente, mas que importa isso, quando se trata de gente. Gente quente, gente viva, gente boa, gente genuína.
No rádio, sons de outros tempos, relembram velhas historias, velho desejos e ancejos, velhas emoções perdidas no tempo…ou deixadas, simplesmente esquecidas no frio do passado.
Fins de tarde, junto ao mar, sem mais ruídos do que o próprio quebrar de ondas infames que se insurgiam contra as rochas, em sinal claro de desafio…
Chocolate quente, com muito fumo, com muito doce, muito espesso, com muito travo a bem estar…
Sorrisos perfeitos, gargalhadas deliciosas, momentos de puro deleite e prazer, vivências já mais esquecidas…
Rodas de gente, conversas de lés a lés, discussões de estremadas posições, conflitos resolvidos ao nascer de um sol regenerador, grandes historias, grandes pessoas, fortes sentidos, inesquecíveis sentimentos…
A par, segue um automóvel discreto com família cinzenta, mas que tem no jovem rebento com gorro de pai natal, a promessa de uma consoada animada e muito bem disposta. Trocamos uns galhardetes, uns adeus e umas línguas de fora, rapidamente camufladas ao olhar inquisidor da família cinza, o jovem pai natal, percebe na sua ingenuidade ainda pueril, que não poderá partilhar o divertimento com os demais presentes na viatura, e espraia-se nas expressões que envia de boca colada no vidro do carro. Um brusco movimento de pescoço, acabou com a brincadeira da criança, e por inerência, com a minha.
Dois golpes de volante, e um desmontar de interminável fila, leva-me de volta para o caminho de sempre, o caminho do conforto, o caminho de mim…
É bom estar de volta…

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