Um sorriso pela manhã...


Lisboa, nove da manhã, um frio controlado resvala rua Augusta a baixo, batendo nas beiradas mais proeminentes de um passeio bem desenhado.
No ar, o cheiro matutino, esconde um lufa-lufa pouco evidente, fazendo mesmo esquecer, que estamos no centro de uma metrópole europeia.
Entro na rua do Ouro, bebo um café, que se deixa embalar num pau de canela, e deixo que os óculos recentemente adquiridos, se fumem pelo bafo quente da cafeína necessária no principio do dia.
O pastel, chegou com um ar meio queimado, afinal, não estamos propriamente em Belém, mas assim também não os como. Num rasgo de simpatia e brutalidade, vi aproximar-se um outro com um ar bem menos moreno, em claro sinal de um pasteleiro que não adormeceu toda a noite...apenas parte dela.
Pago a conta, mas deixo ficarem solitárias as moedas da demasia, não por simpatia, mas por puro desprendimento com a situação.

Invado novamente a rua, coberta da enigmática e afamada luz...

Pelas ruas perpendiculares ou paralelas, perco-me, deixo-me ir, embalar até, pela musicalidade dos vendedores de rua, os “vigaristas” dos óculos ditos verdadeiros, dos pintores sem futuro, embora talentosos…

Os minutos correm, as horas voam, mas a sensação é cada vez melhor, uma sensação de estar numa cidade, que no meu sentir, está tão tranquila…

Entro no carro, e sinto as primeiras diferenças, o seu barulho matraqueado, hoje não me incomoda...
Sigo rumo ao Rossio.
Os “fogareiros”, na sua condução característica, impacientam-se com a minha tranquila viagem em pleno dia de semana...
Não lhes passo cartão, não lhes passo, o mínimo cartão.

Avenida da Liberdade acima, o carro a plenos pulmões, e noto a estranha sensação de rapidez que dá, cruzar o arvoredo a velocidades ligeiramente mais elevadas.

Contorno o Marquês, que continua na sua pose de sempre, e sigo rumo à emblemática obra de Tomás Taveira. A habitual confusão na zona das Amoreiras, já não estranha a ninguém, o curioso foi ver um vendedor de castanhas a atravessar a estrada, de um modo apressado, e a invadir o meu carro com aquele cheiro inconfundível…

”Olha a castanha assada…”

Passada a confusão, avanço num "cruzeiro" pacífico pela grande avenida de acesso à ponte…para trás ficou a bonita cidade, que hoje, tanto contribuiu para o meu bom humor, e me deixou um indelével sorriso estampado…

Tenho de voltar cá mais vezes…

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