Vida de charco...


Na escassez das chuvas de Inverno tímido apareci, sem dizer mais que três ou quatro palavras, apenas enchi…
Apareci, como quem aparece por acaso…eu sou, aquilo que normalmente se apelida de charco, um charco de água, mais ou menos suja, mais ou menos limpa, dependendo do lugar que ocupo…

Como charco, sou utilizado por poucos, para tonterias, brincadeiras, tropelias, ou mesmo asneiras, eventualmente alegrias sem igual…Mas sou visto por outros, muitos outros, como uma maçada, uma chatice, um aborrecimento sem fim, enfim a opinião não é unânime, nem geral, mas é absurdamente desigual…

Eu vejo-me apenas como um charco, com que miúdos brincam e se divertem no períodos de férias, onde adultos se chateiam na corrida para o trabalho, onde os tacões Channel se misturados com os Bata e os Zara em amena cavaqueira, enfim, num charco muito se passa…num charco nada se passa…

Ontem, levei mais uma pedrada, não de tijolo ou de pedra da calçada, era mais de seixo rolado, que vem sem pontas aguçadas, mas nos deixa marcas eternas, profundas…

No pico da agonia, desejo um sol forte, que me evapore em definitivo, acreditando que assim, qual poeta injustiçado em vida, reconheçam algum valor, na altura da notada ausência…

Que triste existência esta, de ser charco...

Comentários

Neptuna disse…
os charcos não sabem, mas deviam saber, que pertecem e fazem parte de um mar enorme e que quando quiserem podem retornar a casa.. e encontrar-se.

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