O dom e a gratuitidade...

Pouco passava das 21:30, as gentes amontoavam-se de forma ordeira e tranquila, do palco vinham os primeiros sons. Apenas sound check, ainda não era a vez deles.
Entre cervejas e pipocas, ou churros e farturas, era ver as pessoas como se tivessem numa qualquer festarola popular…e se calhar até estavam…
Com o aproximar das dez horas da noite, com uma lua semi-cheia a pairar no céu, eis que os “The Gift” entram em cena…O espectáculo foi o característico, com muito garra, muita personalidade, com um som forte e profundo, com as típicas letras marcantes… ficou apenas a faltar, o publico. Não que o recito não estivesse praticamente cheio, estava, mas porque a indulgencia dos que ali foram para ver os “The Gift” era do “não pagador”, daquele que recebeu um brinde, e ainda o olha de esguelha e com ingratidão.
O concerto deu-se, a música fez-se ouviu-se, mas o espectáculo nunca aconteceu, pese a força vocal e animo físico de todos os elementos da banda.
Foi curioso, que no primeiro fecho, que antecedeu o primeiro “ancore”, houvesse quem se retirasse e fosse ladeira a cima rumo as suas tranquilas habitações…
O concerto prosseguiu, com duas centenas de entusiastas aos pulos e a bater palmas, enquanto entoavam as letras pulsantemente cantadas pela belíssima Sónia Tavares, ao mesmo tempo que os restantes milhares se dispersavam pelo enorme espaço, e se faziam esquecidos na noite…
No final, os agradecimentos a Câmara Municipal de Faro pelo espectáculo, e o cache entregue com mérito aos protagonistas da noite…mas fica-me uma dúvida, se fosse a pagar, com eventualmente um bom desconto para os farenses, mas a pagar, não teríamos tido um verdadeiro espectáculo, com mais ânimo dos assistentes, com mais energia dos fãs, com mais entrega?? Não sei, mas também eu sou só mais um filho da terra, que há muitos muitos anos partiu e se deixou contaminar com as ideias peregrinas da capital…

Comentários

Neptuna disse…
:( é, infelizmente é o que há. não teria feito uma melhor apresentação do que foi esse concerto. tudo o que possa ser oferecido não é valorizado. Que paga valoriza. Aplica-se em várias esferas da vida, não é?
Anónimo disse…
Gosto de acreditar que não precisa ser assim, que as pessoas podem dar valor as coisas gratuitas se de facto as mesmas forem e constituirem uma mais valia, economica, social, cultural.
Mas entre o acreditar e a dura realidade...
Concordo com o post, a felicidade é determinante para o nosso bem estar, mas nós somos responsáveis por que ela aconteça- por exemplo nós lutamos por um causa que é baixar os preços da net, faz-nos felizes cumprir o objectivo de recolher assinaturas, mas o empenho em si e a causa já são por si só razao de felicidade

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