O sonho de outrem...

Eram quase seis da tarde, e o pânico começava-se a instalar-se na tua cabeça, tanta amizade, tanto carinho, tantas histórias vividas em conjunto, e era agora impossível comprar um presente a esta grande amiga? Porque, questionavas-te sem parar, porque? Nada parecia apropriado, nada era perfeito, nada enchia as medidas…
Ladeira a baixo, no teu ritmo despachado, vieste direita a mim com a pressa de quem desespera. Entrei para o carro, imiscui-me de fazer as piadas habituais, e lá fomos novamente a um ritmo bastante acelerado. Curioso, que o teu nervosismo, estava a dar-te para te sentires desconfortável com a almofada que utilizavas para ver a estrada...
Após algumas hesitações, comecei a tentar ajudar, e as ideias começaram a surgir,…,”então ela gosta de sapateado é? Porque não uns CDS de música própria, ou mesmo dvd’s dos Lord Of the Dance?” ao que tu me respondeste de uma forma algo seca e quase a espumar “Ela gosta de sapateado, mas também não é doente, não estás a ajudar nada!”, infelizmente, isto não estava a começar muito bem…
O ritmo do pequeno automóvel, continuava a aumentar, uma grande superfície comercial seria certamente o destino…a um Domingo, arruinava-nos em definitivo o passeio. Enfim!
Chegado ao epicentro dos Centros Comerciais, escadas acima, elevadores a baixo, CDS, peluches, relógios e bugigangas, nada parecia perfeito, nada brilhava…até que…”porque é que não lhe ofereces uma flores? Quiçá umas margaridas, que até faz uma piada gira com o nome dela!”. Assentiste com a cabeça, esboçaste um sorriso, e lá fomos comprar um bonito e aromático ramo de margaridas amarelas.
De volta ao veloz, partimos sem demora para entregar o bouque no local combinado.
As ruas estreitas não facilitavam, as manobras sucediam-se, os equívocos eram uma constante, sinal da Guida? Nem vê-la.
Num rasgo de brilhantismo, abriste o vidro, e qual polegarzinho, foste espalhando pétalas de margaridas pela avenida fora, mais um curva mais pétalas, mais uma recta mais pétalas, até que paramos num bonito parque, pintado de múltiplas cores quentes, mas ao mesmo tempo suaves. Olhei para ti com ar confuso, voltaste a sorrir, e disseste-me com a voz tranquila de quem esta perfeitamente segura da situação “agora vamos esperar”…
Passados uns minutos, em que a minha impaciência quase chocava em absoluto com a tua tranquilidade, avistamos a Guida, que vinha calmamente rua a cima, apanhando as pétalas caídas, e reconstruindo delicadamente o seu bouque…”eu não te disse…”
PI PI PI PI PI PI PI PI PI PI PI PI PI
Estava na hora de acordares. Tudo não passara de um sonho, com a excepção do sorriso, que já ninguém te podia tirar…

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