Sorrisos na baloiçante madrugada...

A manhã ainda vinha ténue no horizonte, mas o velho baloiço já lá estava, com o seu ar desgastado mas firme, no meio de um parque moderno, com chão de borracha e tudo.
Sentei-me num dos dois baloiços disponíveis, balanceando calmamente, para frente e para trás, ligeiramente contemplativo. Ao ritmo balanceado ia “cozinhado” a azáfama de dúvidas e contradições em que facilmente me meto ultimamente…
Quando voltei a tomar consciência de mim, reparei que a meu lado, estava um sorridente menino, que em forte balancear, me dizia “balança até fazer vento, é muito giro, dá vontade de rir”. Deixei-me ficar imóvel por momentos, de pés bem firmes no chão, reparando apenas naquele pequenino, de pele morena e olho castanho, que com um sorriso expressivo, ia rindo a medida que o baloiço ganhava velocidade…
“Vá baloiça comigo, vamos ver quem chega mais alto…” dizia-me ele.
Senti-me acicatado no meu orgulho, e lá fui, ganhando velocidade em cada embalar, cada vez mais forte, cada vez mais alto, cada vez mais ventoso, até que o sorriso apareceu, e logo nos deixamos arrastar pelo balancear enquanto riamos até mais não…
“Não é divertido? Agora tenho de ir, vou jogar a bola com os meus amigos. Tens de vir ao baloiço mais vezes, aqui pareces mais divertido”.
As palavras do pequeno petiz, pareceram-me muito lúcidas para alguém tão pequenino, mas o que é certo, é que fiquei mais sorridente e mais feliz, com uma coisa tão simples como andar de baloiço.
O sol parece estar a acordar, e no seu clarear, acordei repentinamente, percebendo que o parque não existia, que o baloiço era pura imaginação, que a manha ainda estava longe, e que o menino vivia dentro de mim…já não me lembrava como era feliz ser assim.
Hoje vai ser um bom dia, pensei enquanto me virei para o outro lado, e adormeci…

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