Vielas de Outono...

Outono, finalmente chegou a estação onde neste momento melhor me enquadro, a estação dos castanhos e tons pastel, dos sombreados divergentes do preto, da tranquila brisa de norte que trás o cheiro a castanha assada presa com fio de nylon, das primeiras chuvas que assentam o impertinente pó no chão...
Percorro avenidas de pensamentos, no meio de ruelas cheias de folhas secas. E sobre o seu crepitar indolor, avanço sem rumo, deixando largados no ar, pensamentos muito próprios, muito meus, cujo sentido e sentimento, ainda não consigo enquadrar…nem mesmo nos leves castanhos do ar. ..
Rua acima, rua abaixo, viro na movimentada rua do conformismo, meia dúzia de passos mal medidos, e corto a esquerda na viela da tristeza, até porque a rua do conformismo ainda está parcialmente fechada para obras…
Em plena viela, fixo os passeios mal acabados sem razão, esboroados pela emoção, por historias mal vividas, por dores mal saradas, pelas magoas…é uma viela triste, muito triste…não contenho as lágrimas em fio, e deixo-me transportar pela corrente da tristeza.
Embalado no fluxo, cruzo a rua do absentismo, e êxito ligeiramente, mas sigo pela viela que se apraz tão coerente. Chegado ao fim da “infame” via, olho em redor, pensando se não poderei fazer o percurso inverso, uma e outra vez…
Perdido nos pensamentos redundantes, sou chamado a “terra” por uma senhora de avançada idade, que me pergunta o caminho para a rua da esperança…sorri subtilmente para ela e repliquei, fica logo ao lado da rua da tranquilidade, a senhora, segue pela tranquilidade abaixo e quando vir uns candeeiros em forma de sorriso brilhante, é essa a rua da esperança...não tem nada que enganar.
A senhora sorriu delicadamente para mim, estendeu-me um lenço branco com uns bordados azulados, para que eu enxugasse as lágrimas, e perguntou-me, “não se importava de me acompanhar?”.
Eu assenti…

Comentários

Lita disse…
Texto fabuloso, Olavo. Fabuloso.
Continua na rua da esperança cujos contornos, senti eu, tão bem conheces....
Olavo disse…
Obrigado lita, mas sabes que as vezes a rua da esperança é feita do paralelo mais imperfeito que ha memória, fazendo com que as quedas sejam grandes e aparatosas...eu continuo por lá, resta saber até quando.
Lindissimo o que li! Essa rua da esperança parece-me um bom lugar para "alcançar".
Olavo disse…
Se alcançares, assobia que eu tambem gostava de lá chegar. Quem sabe se ao som de um assobio compassado não encontro finalmente o caminho...
Solitude disse…
...ás vezes é preciso que alguem nos acompanhe nesses primeiros passos, nos mostre que essa "rua" por mais que nos aconteça é daquelas que nao devemos fechar em nós...

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