O presente perfeito...

Sentei-me expectante no velho banco de jardim, as suas tábuas ressequidas e rezingonas, rangeram como que incomodadas. A idade é de facto um posto, e isso de estar a ser sobrecarregado em velho, não será para qualquer banco, muito menos um velho banco de jardim.
O vento corria rasteirinho, junto ao chão de pedra e areia, abraçando-me os pés. No ar os aromas mornos de Outono a equilibrar uma temperatura própria da época, meio fresca. Mesmo não estando com frio, os meus pés batiam ao compasso do coração, meio acelerados.
Ao longe vi as luzes que anunciavam a tua chegada, vermelhas, presentes, marcantes, que me arrancaram um sorrido rasgado e uma lágrima de emoção que tudo fiz para esconder. Estavas ali, estavas ali comigo, estavas ali por mim…
De cabelo cor de noite, e sapatos tipo Alice no Pais das Maravilhas, mostraste mais uma vez a tua elegância e doçura. Na bagagem trazias as iguarias doces, e o presente prometido.
Forçando as pálpebras a não fechar, olhei-te a cada milímetro, a cada movimento muscular, a cada gesto facial, queria absorver-te de alguma maneira naqueles minutos tão especiais que me estavas a proporcionar.
De sorriso “apatetado” como gostas de dizer, fiquei naquilo que me pareceram horas, até que com uma dose de simpatia e extrema delicadeza, te deixaste convencer a ficar para jantar.
A sala estava iluminada, as vozes voavam de um lado para o outro nos mais variados tons, conteúdos e paralelismos, e ao fundo, eu via-te com um ar pouco confortável, mas presente e interactivo, sorrindo a todos os instantes…
Quanto ao resto, é para nós sabermos, e todos os outros sonharem…

Gosto muito de ti.