Saudável espiral descendente

Miles ecoa pelos espaços vazios da lenta construção nocturna, acompanhando o cintilante acender das suaves luzes exteriores. Davies liga muito bem estes momentos nostálgicos e redentores, dando-lhe as notas certas para uma grande obra musical.
Pé ante pé, olhando de soslaio para as formações estrelares, percorro os milhares de quilómetros de pensamentos e ideias deixadas para arrumar em cima de uma enorme mesa, a que chamo vida.
Pego neles, agito-os, combino-os ou simplesmente os encafuo em gavetas de uma personalidade dispersa e a beira da ruptura.
Delírios e devaneios de um cansaço invasor, que se entranha a superfície e que nos rasga lancinantemente a derme? Talvez.
O primeiro piscar de olhos aparece, perdem-se os primeiros frames do dia, que pela repetição e decalque, fazem acreditar que foi um mero deja-vu e não uma perca de consciência momentânea.
Um esgar de dor ou um sorriso leve já são expressões que me parecem iguais por esta altura, ou então talvez com a convicção que a noite passará e que o suave travesseiro trará a paz revigorante e apaziguadora que qualquer pessoa merece

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