Dias fáceis
Há dias que não são fáceis, e que mesmo de
olhos fechados, a suster a respiração, moco para as vozes que insistem em
sussurra-te nos ouvidos, quase dormente para o mundo…
…não consegues passar despercebido…
…pois há sempre quem te encontre, entre os
cinzentos e os castanhos do dia, no meio dessa amalgama de cor quase
monocórdica, só para te arranjar mais um desafio que não consegue resolver
autonomamente.
Há dias que só querias silencio…
…enquanto te afogas nos pensamentos mais
mundanos, quiçá ébrio por algo mais do que a própria vida…
…mas aceitas que o silencio é um privilégio
que também não tens...
…mas mesmo que o tivesses, sabes que também
não terias paz, porque as saudades, essas putas que chegam e te comem literalmente
por dentro, arrancando tudo na passagem, com violência audível, da derme às
fibras musculares, sem fazerem reféns, só vítimas, nunca te deixariam tranquilo
a gozar do mesmo.
Há dias que querias um mote, voltado para a
descontração, mas o lema é mais aguenta e não chora, mesmo que o lema venha do
mais boçal dos judas sentados ao teu lado.
E é sempre num desses dias, que a saudade
aperta tanto, mas tanto, que vira contratura muscular, e a angústia toma conta
de tudo o que conheces como tu ou eu, dependendo da posição e corrente
literária.
Há dias em que só
te apetece despir o fato da vida, feita de comedimento exagerado e gritar a
plenos pulmões “vai para a puta que te pariu”, mas não acontece, nem consegues,
nem fazes…
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