My sweet butterflie...


Olhando para ela ninguém diria, tamanho determinismo e força de vontade.
De presença delicada mas vigorosa, de aspecto ternurento e sorriso triste, de doçura extrema mas magoa profunda, é assim a minha doce borboleta.

Segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, perderia todo este tempo, só para a ouvir, só para a escutar, só para a sentir, na sua infinita simplicidade, na sua inigualável visão do mundo…
Talvez a visão sobrelevada lhe apresente um panorama mais abrangente, uma visão mais alargada, embora sempre com uma pontinha, mesmo que pequena, da deliciosa fantasia de que é feita.

Outrora lagarta, trás consigo os recortes de uma existência menos glamorosa, arrasta consigo as magoas da busca infindável pelos incomensuráveis campos de verdes folhas, debaixo de copiosa e interminável chuva cinzenta. Mas não seria ela, a borboleta que é hoje, se não tivesse sido a lagarta de outrora…ou seria?

O seu voo sincronizado, desconcentra-me, desconcerta-me, questiona-me, faz-me pensar, nunca como outrora me deixei levar por voos tão aleatórios, nunca como outrora me deixei levar por voos…

As cores fortes, estão lá, mas apenas para os menos atentos, apenas para os mais deslumbrados pelas evidencias, o mais bonito, o mais colorido, está na parte negra que compõem o núcleo, está na massa colorida de que é feita, está nos tons pastel com que fala, está no doce das suas palavras, está no fantástico da sua ingenuidade consciente, está naquilo que não se vê nos primeiros cinco segundos…

Olhando para tamanha presença, tamanha entidade, é difícil não deixar, que o mais incontornável dos defeitos humanos não venha ao de cima, é difícil esconder e aprisionar o egoísmo que me toma por a querer ter sempre ao meu lado, é difícil, mas não é impossível, alias com ela aprendi que os impossíveis, são imposições da nossa cabeça, são a nossa falta de vontade e determinismo, dai que do alto do meu altruísmo recentemente aprendido, entendi que o lugar de uma borboleta, nunca poderá ser “fechada” para nosso deleite, terá de ser sempre, com o vento sobre as asas, com o céu como horizonte e sem uma rota aparentemente traçada, só ela sabe para onde vai…

Quanto a mim, resta-me esperar que o vento mude, e a traga de novo para junto de mim.

Comentários

Lita disse…
... foi com a respiração em suspenso, porque temos sempre medo de quebrar um instante de beleza pura.

Mas "consegui seguir atónita" até ao fim.
Andas no teu melhor, Olavo!!!
Parabéns!
Unknown disse…
Sou apenas coisa inacabada entre não poder deixar de ser quem fui e a meio para outra coisa sempre mais adiante.
O meu destino é apenas essa metamorfose contínua, o arrancar a pele com as próprias mãos vezes sem conta.
Sou como os apeadeiros dos comboios onde os homens param entre destinos para se refrescarem e descansarem. Nunca ficam porque têm destinos e o meu é apenas esta migalha, tirar os olhos dos homens do chão, mais nada...
Olavo disse…
A metamorfose um dia acaba, não hoje, não amanha, nem no outro dia, um dia, nesse dia, cuja data nunca conseguiras lembrar, vais parar e provalevelmente ver coisas fantasticas em ti, bem para lá daquilo que agora vez...ou então não, e isto é mais um dos meus varios delirios sem sentido...
Tenho de deixar de projectar nos outros aquilo que quero ver neles e passar a acreditar mais, naquilo que eles dizem que são...

Mensagens populares